Um dos exercícios de eleição quando se pensa em treino de força é o exercício de puxador dorsal ou vulgo lat pull down! Este exercício é descrito na maioria das vezes numa de duas variantes, ou realizado à nuca ou ao peito.
 
 
Neste âmbito perguntam-me por vezes, “Puxador dorsal à nuca, o que achas?”
 
Para responder a esta questão, como em todas as outras, baseio-me em evidência científica que procurei já sustentar na prática. E, neste caso, não é exceção.
 
Um estudo de Sperandei e col. (2009) reportou que durante a fase concêntrica a participação do grande peitoral foi superior durante a variante ao peito relativamente à variante à nuca, enquanto para o grande dorsal não se registaram diferenças entre as variantes. A participação similar do grande dorsal nas duas variantes foi também reportada por Carpenter (2007), enquanto num estudo de Signorile (2002) foi reportada maior participação do grande dorsal na variante ao peito.
 
Considerando os resultados acima apresentados percebe-se que para o treino do grande dorsal e do grande peitoral a variante à nuca não apresenta vantagens de participação muscular relativamente à variante ao peito. 
Noutra análise, a variante do puxador dorsal ao peito é realizada no plano da omoplata, plano em que existe a melhor congruência articular, melhor ação dos músculos da coifa dos rotadores e menos stress nos ligamentos gleno-umerais (Greenfield e col, 1990).
 
Se a estes dados aliarmos o facto de a variante à nuca acarretar maior stress na articulação do ombro, sobretudo no ligamento gleno-umeral inferior (Gellert, 2008), de exigir uma flexão cervical mais pronunciada e de ter menor transfer para atividades do dia-a-dia e desportiva (porque não há muitos movimentos atrás da cabeça em que tenhamos de puxar uma carga) a questão que se deve colocar deverá ser a seguinte:
 
“Puxador dorsal à nuca, porquê fazê-lo?”
 
Abraço e bons treinos!
 
Rodrigo Ruivo 
Doutorado em Motricidade Humana
www.researchgate.net/profile/Rm_Ruivo
 
Ps.1 – quando se realizar o exercício de puxador dorsal poder-se-á acentuar ligeira rotação externa do ombro, com vista a ligeiro aumento de participação do deltóide posterior (Bassett, Browne, Morrey, & An, 1990)
 
Ps. 2- dever-se-á optar por incluir nas nossas rotinas de treino movimentos que explorem toda a range of motion articular, não deixando, no entanto, de considerar sempre a razão risco-benefício de cada exercício
 
Ps.1 – quando se realizar o exercício de puxador dorsal poder-se-á acentuar ligeira rotação externa do ombro, com vista a ligeiro aumento de participação do deltóide posterior (Bassett, Browne, Morrey, & An, 1990)
 
Ps. 2- dever-se-á optar por incluir nas nossas rotinas de treino movimentos que explorem toda a range of motion articular, não deixando, no entanto, de considerar sempre a razão risco-benefício de cada exercício
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