Deixem-se de “coisas”…! No Mundo do Fitness parece que diariamente somos inundados de conceitos/ paradigmas de treino únicos que substituem todos os anteriores, e que exigem para Si a autoridade de serem as únicas verdades absolutas!

 

Não raras vezes ouço frases como as que transcrevo, e, para as quais deixo o meu pensamento à frente:
 
 
1.“Porque estás a realizar corrida intervalada na passadeira? Atualmente só devemos realizar treino de força!”
 
(Ok, treino de força é ótimo em adultos saudáveis, em populações clínicas, para a Saúde, etc. Mas porque não podemos realizar treino intervalado, com períodos de esforço e recuperação na passadeira depois do treino de força, por exemplo? Sabe-se qual é o objetivo da pessoa? Não poderá querer melhorar o VO2 máximo ou recriar situação similar à sua modalidade desportiva acíclica?)
 
 
2.“Hoje em dia apenas realizo treino dos padrões de movimento. Fujo das máquinas de musculação”
 
(Ok, é ótimo procurar treinar “combinações intencionais de segmentos estáveis e móveis que trabalham em coordenada harmonia sequências de movimento eficientes e eficazes (Cook, 2010) e procurar ter o máximo transfer destas ações para o dia-a-dia, mas, em determinados contextos, o treino com máquinas de musculação poderá fazer todo o sentido. Vamos supor que é um indivíduo descondicionado e pretendemos criar um perfil de resistência do exercício que respeite a saúde articular?)
 
 
3 – “Deves treinar sempre em desalinhamento articular para te preparares para as situações imprevisíveis do dia-a-dia”
 
(Ok, nalguns contextos, poderá ser pertinente, de modo muito controlado, procurar algumas posições fora da norma articular tendo em vista o treino de mecanorecetores articulares, etc , mas o treino em alinhamento articular parece ser o que menos sobrecarrega as estruturas passivas, e, não inviabiliza, que devemos explorar toda a amplitude articular e, progressivamente, procurar que haja maior controlo neuro-muscular de novas amplitudes de movimento).
 
 
4- “Eu só utilizo ativação neuro-muscular. Esquece o resto!”
 
(Ok, ótima ferramenta! Então e quando queremos ganhar mobilidade articular e o problema, por exemplo, está nas estruturas passivas? Como fazer num caso de capsulite adesiva?)
 
 
Em suma, não se peque pelo fanatismo e extremismo das ideias veiculadas! Não se queira que a crença que cada um tem seja o mote para se criar uma seita ou religião, e que se queira que esta seja a religião de todos, sem questionamentos ou dúvidas!
 
 
Procurem sempre fundamentar do ponto de vista científico e prático o que sustentam, mas não deixem de se manter “open mind” e pensar que pode haver espaço para diferentes conceitos/ técnicas/ ferramentas de trabalho consoante os contextos.
 
Não nego a pertinência e aplicabilidade de tudo o que referi anteriormente, técnicas de ativação neuro-muscular, treino de força, foco nos padrões de movimento ou máquinas de musculação, etc, simplesmente não me fecho numa única opção e tento explorar o que cada uma tem de melhor consoante o contexto e as pessoas.
 
Largue-se o fanatismo …
 
Abraço
Rodrigo Ruivo 
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