O Dr. Diogo Lima é Médico Especialista em Medicina Geral e Familiar. Será prelector nas jornadas Médico Ativo Paciente Ativo, organizada pela Formação Clínica das Conchas, que irão decorrer no dia 26 de Outubro de 2019.

 

 

Formação Clínica das Conchas - Médico e Atleta de Alta de Competição de Judo. Como consegue conciliar a sua carreira profissional e desportiva?

 

Dr. Diogo Lima - Sou Médico de Medicina Geral e Familiar (MGF) no Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES) Loures-Odivelas, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) do Olaio e atleta de Alto Rendimento desde de 2000, tendo realizado a minha formação académica na Faculdade de Medicina de Lisboa.

Consegui conciliar a duas atividades (desportiva e profissional) ao longo da minha carreira, naturalmente, com muito sacrifício das diferentes esferas da minha vida pessoal.

Como a falta de tempo é um dos principais limitadores das atividades diárias do atleta, a minha principal preocupação ao longo da minha carreira desportiva foi de procurar otimizar o tempo ao longo do dia, procurando despender o menor número de horas em deslocações.

Assim, em termos académicos escolhi a FML por me proporcionar o estádio universitário ao lado e quando entrei para o internado de Medicina Geral e Familiar escolhi ACES LO por proporcionar uma acessibilidade rápida ao complexo desportivo do Jamor.

 

Formação Clínica das Conchas - Qual é para si o papel que a Atividade e o Exercício Físico deveriam ter na vida das Pessoas?

 

Dr. Diogo Lima - Quando terminei a pós-graduação em Medicina Desportiva, entrei no internato de MGF, especialidade com a particularidade de promover a saúde em contexto comunitário. Nessa altura, apercebi-me que faria mais sentido falar em Medicina do Exercício e penso que o conceito Exercise is Medicine (passo a publicidade ao movimento intitulado com este nome) sintetiza e elucida bem a importância do Exercício Físico (EF) na saúde e na doença.

  

 

Formação Clínica das Conchas - Enquanto médico que papel desempenha para promover a Atividade Física?

 

Dr. Diogo Lima - Para além da prática clínica da minha consulta, estou a desenvolver um projeto "Consulta de Promoção do Exercício Físico" aberto a todos os utentes do ACES estando previstas atividades individuais e de grupo.

Esta será também aberta aos profissionais de saúde, procurando promover um conceito que também intitula as jornadas da Clínica das Conchas "Médico Ativo, Paciente Ativo".

 

 

 

 

Formação Clínica das Conchas - Considera pertinente a crescente aproximação entres as Classes profissionais dos Médicos e dos Profissionais de Exercício e Saúde, como já patente em eventos anuais como o “Médico Ativo-Paciente Ativo”?

 

 

Dr. Diogo Lima - Sim, considero pertinente e imperativa! Há que trazer estes profissionais para "dentro" do Sistema Nacional de Saúde, pois a maioria dos médicos não tem os conhecimentos para prescrever programas de EF adaptados para maximização de resultados.

Quero com isto dizer, que qualquer médico esta apto a aconselhar o seu utente a praticar EF, nomeadamente as metas mínimas recomendadas pela OMS. Contudo, há muito mais EF para além do "caminhar de forma vigorosa" e é neste patamar que penso que os técnicos de exercício físico e saúde terão o seu espaço de ação na promoção da saúde.

Dou como por exemplo o Programa "Diabetes em Movimento" iniciativa de um colega meu de saúde pública mas que conta nos seus recursos humanos técnicos de exercício e saúde.

E note-se que hoje em dia, vários estudos têm vindo a trazer à luz que mais importante que o controlo metabólico é a "capacidade física" do doente, e que esta parece ser mais relevante na redução da mortalidade e morbilidade cardiovascular (bem como por todas as causas).

Dou um exemplo, a capacidade "resistir" a um enfarte agudo do miocárdio é maior nos doentes com "maior capacidade física" (leia-se menores taxas de morbilidade e mortalidade nos doentes com capacidade de atingir patamares MET mais elevado).

 

 

Formação Clínica das Conchas - Quais são os seus projetos futuros?

 

Dr. Diogo Lima - Penso que temos uma visão comum do que pode ser o EF na promoção da saúde e na reabilitação, partilhamos um âmbito populacional e não apenas a área desportiva.

Neste sentido penso que uma futura parceria poderá passar pela promoção da saúde/EF adaptada ao utente, com 1) avaliação geral e dos riscos de lesão/efeitos adversos relacionada com fisionomia/fisiologia da pessoa e modalidade que pretende realizar, e depois propor a 2) implementação de um programa de treino com plano de prevenção de lesões/efeitos adversos.

 

Sabe tudo sobre o programa clicando AQUI!

 

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