Personal Trainer - algumas reflexões!

 

Na antecâmara da orientação de uma Tese de Mestrado que vai abordar a pertinência de se treinar com Personal Trainer, vários têm sidos os artigos lidos, e, necessariamente, têm-me suscitado várias reflexões.

 

1. A importância de se TREINAR COM PERSONAL TRAINER tem sido já estudada e difundida, com resultados de vários artigos a reportar que treinar com supervisão direta permite que a intensidade dos treinos esteja otimizada PERMITINDO OBTER MELHORES RESULTADOS AO NÍVEL DOS GANHOS DE FORÇA (Ratamass et al, 2011).

 

2. Dos praticantes que aderem a programas de treino, é estimado que aproximadamente 50% desista após 6 meses do início de prática (Dishman et al. 1990). Deste modo, o serviço de treino personalizado tem-se também revelado como ELEMENTO MOTIVACIONAL importante , permitindo AUMENTAR A ADESÃO das pessoas à prática de exercício físico (Coutts et al, 2004).  Também Melton e col. (2011) referem que é importante  a percepção do cliente sobre o apoio do seu personal trainer.

 

3. Obviamente o papel do personal trainer não pode ser apenas o de motivador, devendo estar também MUNIDO DE CONHECIMENTO TEÓRICO associado a matérias tão importantes quanto as de anatomia, fisiologia ou de construção de programas de treino. Nesta conceção de programas de treino incluímos conhecimento de variáveis metodológicas, biomecânicas e de integração neuromuscular, assim como será crucial que exista a capacidade de sempre transpor esse conhecimento para adequar o treino ao cliente em questão, respeitando, entre vários princípios do treino, o princípio da individualidade.

 

4. Para se decidirem pelo início de prática de exercício físico com personal trainer, muitas pessoas apresentam como fatores-chave:

4.1. A intenção de conseguirem resultados no âmbito da perda de peso e aumento de massa muscular (Melton et al., 2015).

4.2. O desejo de ter alguém que as ajude a manter a motivação para treinar

 

 

Estas razões apontadas não deverão ser negligenciadas nem menorizadas. Pelo contrário, deverão ser aproveitadas para se conseguir, numa perspetiva holística, otimizar os ganhos de saúde que a prática de exercício permite.

 

5. Na ESCOLHA DO PERSONAL TRAINER não deixando de ser um item que algumas pessoas mencionam, a aparência física não parece ser o mais decisivo. Os resultados já obtidos pelo personal trainer com outros clientes parece ter um papel mais importante no desfecho desta escolha de treinador (Melton, 2011).  Ainda que não seja prática recorrente, e, muitas vezes as próprias pessoas não o questionem, foi relevado em alguns estudos a pertinência de as pessoas obterem a priori da Sua escolha do personal trainer o seu currículo de habilitações. Seria um meio de atestar as sua qualificações e certificações.

 

6. Para a RETENÇÃO são valorizados itens como: o conhecimento teórico que o PT tem, capacidade do PT manter a atenção total e o foco durante o treino com o seu cliente; skills comunicacionais, capacidade de escutar o cliente e tomar notas. Como caraterísticas negativas, potenciadoras de desistência da pática de PT, foram apontadas razões como o cancelamento frequente de compromisso por parte do treinador, o não aviso atempado de algum atraso, o uso de indumentária não apropriada ou a transmissão de informações negativas sobre a própria Direção do ginásio ou Health club.

 

EM RESUMO, o PERSONAL TRAINER pode e deve ocupar um lugar de destaque no panorama da prática de Exercício Físico devendo ser um elemento catalisador do aumento do número de pessoas praticantes de exercício físico, mas, devendo igualmente contribuir para uma melhoria da QUALIDADE da sua prática.

 

Itens como o conhecimento que deve possuir em áreas nucleares como a Anatomia, Fisiologia e construção de programas de treino são fulcrais, assim como o são a necessidade de domínio de bons skills comunicacionais e a capacidade de elevar níveis motivacionais dos seus alunos. Todo e qualquer aluno deve-se sentir especial. Os itens acima mencionados são interdependentes, sob pena, de, na falta de um, o outro de nada servir.

 

Rodrigo Ruivo

Coordenação do Centro de Formação da Clínica das Conchas, Doutorado em Motricidade Humana, Autor do "Manual de Avaliação e Prescrição de Exercício Físico

 

@RODRIGORUIVO.OMBRO

 

Dishman RK. Determinants of participation in physical activity. In: Bouchard C, Shepard RJ, Stephens T, Sutton J, McPherson B, editors. Exercise, fitness and health: A consensus of current knowledge. Human Kinetics; Champaign, IL: 1990. pp. 75–101

Melton, D., Ed, D., Dail, T. K., Ph, D., Katula, J. A., Ph, D.,  Ph, D. (2011). Women ’ s Perspectives of Personal Trainers : A Qualitative Study. Sport J., 14(1).

Ratamass NA, Faigenbaum AD, Hoffman JR, Kang J. Self-selected resistance training intensity in healthy women: The influence of a personal trainer. J Strength Cond Res. 2008;22(1):103–111.

 

III JORNADAS DE MEDICINA DO EXERCÍCIO, sabe mais aqui: https://jornadasmex.clinicadasconchas.pt/ 

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